sábado, 25 de abril de 2009

Mancha de 12,9 bi de anos no Universo intriga cientistas

Himiko

Imagem da mancha de radiação 'Himiko' tem baixa resolução

Astrônomos estão estudando uma imagem de um dos objetos mais antigos do Universo e mais distantes já observados a partir da Terra - a 12,9 bilhões de anos luz.

Cientistas acreditam que a "Himiko", nome dado à mancha de radiações do tipo Lyman-alfa cuja descoberta foi anunciada nesta semana, teria se formado 800 milhões de anos após o Universo, que segundo a teoria do Big Bang surgiu há 13,7 bilhões de anos.

A imagem de "Himiko" ainda tem resolução muito baixa, o que impede que os astrônomos a estudem melhor. Cientistas acreditam que a mancha de radiação, que é até dez vezes maiores do que objetos semelhantes observados a essa distância, pode ser uma espécie de "precursora" das galáxias.

O estudo sobre Himiko será publicado na revista científica Astrophysical Journal.

Os cientistas ainda não têm informações suficientes sobre Himiko, mas eles acreditam que a mancha de radiação tem potencial para contribuir para - ou até desafiar - as teorias atuais que explicam a formação das galáxias.

Rainha lendária

Os modelos atuais de cosmologia afirmam que entre 200 milhões e um bilhão de anos atrás, as primeiras estrelas colossais formaram-se emitindo radiação que retirou elétrons dos elementos luminosos e transformou o Universo em uma espécie de "sopa" de partículas carregadas.

Depois deste "período de ionização", a matéria começou a se agregar no espaço. Objetos grandes - como galáxias - demoraram muito tempo para se formar, lentamente agregando pedaços menores de matéria.

Quando os pesquisadores do instituto americano Carnegie Institution for Science começaram a estudar 207 galáxias distantes com o telescópio Subaru, no Havaí, eles tinham expectativas de encontrar formações pequenas lentamente se agregando.

No entanto, eles se depararam com a gigantesca Himiko, que tem 55 milhões de anos-luz de extensão - quase o tamanho da galáxia Via Láctea.

"Nós hesitamos em gastar nosso tempo com este precioso telescópio fazendo imagens desta formação estranha", disse Ouchi sobre a mancha de Himiko, cujo nome é uma homenagem a uma misteriosa rainha de lendas chinesas e japonesas.

"Nós nunca acreditamos que esta fonte grande e luminosa era um objeto distante de verdade."

Objeto misterioso

A equipe começou a medir as emissões de radiação Lyman-alpha e descobriu que Himiko estava a 12,9 bilhões de anos luz da Terra.

A quantidade de massa foi medida com ajuda dos telescópios Spitzer Space Telescope, Very Large Array e UK Infrared Telescope. Os cientistas descobriram que Himiko tem dez vezes mais massas do que galáxias da mesma idade.

"Existem duas possibilidades: o conhecimento atual sobre formações de galáxias está errado, ou este objeto específico está apresentando algo singular", disse Ouchi à BBC.

Algumas hipóteses poderiam explicar o tamanho de Himiko. Ela poderia, por exemplo, ter um buraco negro gigante no seu âmago. Ou talvez Himiko seja uma galáxia gigante, com massa equivalente a 40 bilhões de estrelas do tamanho do Sol.

"Muitas teorias de formação de galáxias previam uma mancha de radiação Lyman-alfa próxima de galáxias novas. O problema é que ninguém consegue dizer quais mecanismos que provocam esse tipo de emissão. Há inúmeras teorias sobre a formação de manchas de Lyman-alfa, mas todas são difíceis de serem testadas", disse à BBC o astrônomo James Geach, da Durham University, na Grã-Bretanha, que estuda esse fenômeno.

Tanto Ouichi como Geach concordam que pesquisas futuras poderão revelar mais manchas com Himiko. Geach afirma que "até nós sabermos mais sobre a física destas manchas, a sua ligação com a formação de galáxias e, talvez mais importante, sobre a sua duração, nós realmente não sabemos onde encaixá-las nas nossas teorias".

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